Melhor Música Nova | Kendrick Lamar - FEAR.

faixa disponível no fim do post

Talvez a peça central não apenas de "DAMN.", mas de toda sua discografia e carreira seja a faixa mais longa de seu novo álbum. Assim como em “Sing About Me”, “Mortal Man” e “Levitate”, aqui ele toma seu tempo para entregar tudo em apenas uma canção, onde ele resume o principal ponto do álbum.

Pode ser a humildade, o orgulho, a lealdade, amor, luxúria, tudo pode estar em seu DNA, mas o que mais o motiva - e também boa parte de nós, sem ao menos sabermos - é uma das coisas que mais tememos, o próprio medo. Em "FEAR" Kendrick entrega três versos, onde explora o medo em três fases distintas de sua vida, muito parecido com o que "Moonlight" apresenta. O primeiro do ponto de vista de sua mãe, ameaçando bater nele aos sete anos de idade, em um freestyle tão simples como uma criança faria. No segundo é o Kendrick adolescente, com 17 anos também em freestyle e lembrando muito o estilo de suas primeiras mixtapes, falando sobre o medo de morrer nas ruas e ser completamente esquecido. Suas performances em cada verso são condizentes com as letras, na primeira ele está cheio de energia, na segunda pessimista, quase deprimido, e ambas flutuam muito bem na batida nostálgica feita pelo novato The Alchemist. 

Mas o ápice é quando ele, aos 27 anos, finalmente entrega todos os seus medos, impulsionados pela fama que conquistou e o quão traiçoeira ela pode ser. A mesma fama que provocou muitos dos grandes trabalhos musicais ao longo dos anos nunca pareceu tão assustadora. Somos levados a um caminho onde finalmente entendemos boa parte de sua luta, e somos convidados a caminhar com ele. É seu trabalho mais vulnerável, corajoso e pode muito bem ser sua melhor música. 

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Crítica | Kendrick Lamar - DAMN.